Verdade


Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema.

Picasso

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Quase



Luiz Fernando Verissimo

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi. Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto.A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.

A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a  alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris, em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência, porém preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração
vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

WESTPHAL, Sarah. Disponível em: http://www.pensador.inf/p/
quase_cronicas_de_luiz_fernando_verissimo/3/.
Acesso em: 3 jan 2010

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O profissional holístico





Não nascemos profissionais, nos tornamos a partir de um processo de crescimento, amadurecimento, vivências e experiências com determinadas áreas e atividades. Cada vez mais o mercado exige de nós a capacidade de atuarmos em áreas que não são efetivamente de nossa preferência e passa a exigir flexibilidade para entender que podemos adquirir novos conhecimentos, além de desenvolvermos habilidades e atitudes importantes, de modo a contribuir para o processo de conquista da posição em que pretendemos estar no futuro.

O profissional holístico é composto de uma totalidade, em que o pensar, o sentir e o querer são as energias básicas para a realização. O sentir faz a ponte entre o pensar e o agir. Essa esfera nos coloca em contato com a experimentação e consequentemente nos leva ao aprendizado. Cada atividade que realizamos faz parte de um quadro maior, onde as peças se completam e se somam ao alcance do objetivo final. São estágios nos quais se obtêm informações, novo olhar, e se desenvolvem capacidades na direção da área ou profissão escolhida.

Neste contexto, é importante que se compreenda a ideia holística, o pensar sistemicamente, ou seja, entender que as ações, a existência e as demais ocorrências do dia a dia não são Isoladas. Está conectado a outros acontecimentos ou à vida de outras pessoas e organizações. Pensar e agir sistemicamente não são privilégios, mas, sim, necessidades, e cabem a todos, estejam atuando onde estiverem.

Encare qualquer emprego, tarefa, apresentação ou outra prática como uma licença para aprender. Faça muitas perguntas, pense como cliente, observe o processo total do qual faz parte e como ele pode ser melhorado. O importante é estar engajado psicologicamente nas tarefas e conexões, e estar aberto para aprender. Em outras palavras: o esforço faz a diferença.

As qualidades mais importantes para a construção de uma carreira de sucesso não são atributos congênitos como, por exemplo, altura ou cor dos olhos, mas a flexibilidade, a tolerância à incerteza, a capacidade de levantar-se depois da queda. É tornar-se um autoaprendiz, é encontrar o seu caminho com o coração, é usar o processo de autorreflexão e de uma revisão constante de importantes verdades a respeito de nós mesmos. Redescobrir a estrada que percorremos ao longo da vida, ainda que você seja jovem.

Certa vez, alguém perguntou a um velho se ele tinha crescido naquela cidade. A resposta dele foi: “ainda não”. O processo de crescimento é contínuo, essa é a mensagem que nos ensina a resposta do velho sábio.


OLIVEIRA, Ângela. O profissional holístico.
Disponível em: http://www.rh.com.br/Portal/Carreira/Artigo/6136
o-profissional-holistico.html
Acesso em: 15 dez 2009. (com adaptações)