Carlos
Cardoso Aveline
Na vida
acelerada do mundo de hoje, todos desejam ser espertos, vivos e astuciosos.
Ninguém
quer ficar para trás – quando você está indo, os outros já estão voltando.
Ninguém mais diz frases com segundas intenções: dizem coisas com terceiras,
quartas e quintas intenções. Frases que, com sorte, um leigo no assunto precisa
de várias horas para decifrar e talvez dois ou três dias para imaginar uma
resposta à altura.
Em
compensação, alguém que diz diretamente aquilo que pensa acaba provocando
escândalo e mal-estar. É imediatamente catalogado como perigoso e tratado como
idiota. A sinceridade parece contrariar as normas da convivência e da boa
educação modernas. Assim, as pessoas bem educadas são amáveis, mas nem sempre
se deve acreditar no que dizem.
A
idiotice é um tema vasto, com muitos aspectos diferentes, e está inscrita com
destaque na cultura brasileira. Um exemplo disso são as
tradicionais piadas de português. Elas são uma projeção da brasilidade.
No fundo, os portugueses idiotas das piadas somos nós. Os episódios que
envolvem Manuel, Joaquim e Maria são todos parte da alma do nosso país –
tanto é assim que só são conhecidos no Brasil. Em Portugal, ao contrário,
circulam piadas de brasileiros.
É certo
que, quando examinamos a questão da inteligência e da idiotice, surgem algumas
perguntas indiscretas. O que é inteligência? O que é burrice? Quantos
tipos há de idiotas?
Podemos
dizer que inteligência é a capacidade de perceber o real. Como há
realidades muito diferentes no mundo, não existe um tipo único de inteligência.
Cada situação da vida requer um tipo específico de percepção, e por isso as
inteligências são múltiplas. A idiotice e a burrice podem ser
definidas como a incapacidade de perceber o real, e são tão variadas
quanto as inteligências. Há, portanto, muitos tipos de idiotas. Alguns deles,
inclusive, são espertalhões. Sim, há muitos idiotas que passam por
inteligentes, e também grande número de pessoas inteligentes que passam
por idiotas.
Além
disso, quem é inteligente em uma área da vida pode ser burro em outras. Você é
esperto em política e burro na hora de jogar futebol. Sua namorada pode ser
menos intelectual que você, na hora de discutir filosofia, mas há aspectos da
vida em que ela coloca você no chinelo. Há coisas que seus filhos fazem
bem melhor que você, como, talvez, compreender as sutilezas de um videogame ou
computador. Felizmente, ter sabedoria não é saber tudo. Ter sabedoria é saber o
mais importante – e administrar bem os seus talentos.
Dos
inúmeros tipos de idiotas, um dos mais interessantes foi examinado por François
Rabelais, o escritor francês do século 16. Ele abordou a imbecilidade doutoral
específica dos “eruditos” que usam palavras complicadas para não dizer coisa
alguma. Um deles – conta Rabelais – fez certo dia uma longa pesquisa para
saber “se uma entidade imaginária, zumbindo no vácuo, é capaz de devorar
segundas intenções.” Outro queria saber “se uma idéia platônica,
dirigindo-se para a direita sob o orifício do Caos, poderia afastar os átomos
de Demócrito”. Um terceiro investigava “se a frigidez hibernal dos antípodas,
passando numa linha ortogonal através da homogênea solidez do centro, podia,
por uma delicada antiperístase, aquecer a convexidade dos nossos calcanhares”.
Rabelais qualifica tais idiotas eruditos como professores cegos de
discípulos cegos, “que tateiam em um quarto escuro à procura de um gato preto
que não está lá”. [1] Tais indivíduos eram precursores de Rolando
Lero, o grande erudito que iluminou a televisão brasileira nos anos 1990.
Não é de todo impossível encontrar esse tipo de pesquisador fazendo teses
de pós-doutorado em certas universidades.
Conheço
seres humanos que têm tanto medo de parecer burros que aplaudem – ou pelo
menos fingem que compreendem – esse tipo de raciocínio longo, difícil,
sem significado algum. Mas tal constrangimento é desnecessário: deixando de
lado o medo de parecer idiotas, perderemos menos tempo fingindo e seremos
mais felizes.
O exemplo
de Albert Einstein, um dos maiores gênios da ciência moderna, é ilustrativo. No
início da vida, ele recusou-se a falar até os três anos de idade. Seus pais –
pessoas sensatas – pensavam que fosse retardado mental. Mais tarde, quando
Einstein ingressou na escola, ele foi novamente considerado imbecil. Seu
biógrafo é obrigado a admitir:
“Para os
colegas de classe, Albert era uma anomalia que não demonstrava interesse nenhum
pelos esportes. Para os professores, era um idiota que não conseguia decorar
nada e se comportava de modo estranho. Em vez de responder imediatamente a uma
pergunta, como os outros alunos, sempre hesitava. E quando respondia, movia os
lábios em silêncio, repetindo as palavras.” [2]
Décadas
mais tarde, Einstein deu o troco. Ele qualificou o nosso moderno sistema
educacional como uma estrutura que reprime a inteligência e busca
fabricar idiotas obedientes:
“A
humilhação e a opressão mental imposta por professores ignorantes e
pretensiosos causam danos terríveis na mente jovem; danos que não podem ser reparados
e que geralmente exercem influências maléficas na vida futura.”
E ainda:
“A
maioria dos professores perde tempo fazendo perguntas para descobrir o que o
aluno não sabe, quando a verdadeira arte consiste em descobrir o que o
aluno sabe ou é capaz de saber.” [3]
O sábio,
o santo e o idiota têm muito em comum, não só entre si, mas também com as
árvores e os animais. Todos eles vivem em um estado de comunhão com
todas as coisas que é independente do pensamento lógico. Isso contraria a
inteligência situada no hemisfério cerebral esquerdo, que rotula e classifica
todas as coisas. Essa inteligência gosta de colocar-se como se tivesse o
monopólio da consciência. Esse, aliás, é um dos grandes obstáculos para a
prática da meditação: a mente pensante não aceita passar o poder à mente que
contempla e que compreende a verdade sem necessidade de pensamentos.
A
primeira frase dos famosos “Ioga Sutras de Patañjali”, o tratado milenar sobre
Raja Ioga, afirma: “Ioga é a cessação das modificações da mente”. Para
alcançar a hiper-consciência, o estado mental do êxtase divino, é necessário
paralisar momentaneamente a mente inferior. O sábio é um ser que renunciou à
inteligência convencional e optou por uma percepção que a mente comum não
consegue captar. Por isso, mesmo no século 21, se aquele que ingressa no
caminho espiritual não tiver certos cuidados, pode ser considerado louco ou
idiota pelos parentes e amigos. Mas, do ponto de vista do sábio, a situação se
inverte e idiota é aquele que fica preso à lógica do mundo externo.
O ser
humano geralmente vive imerso em ilusões que ele mesmo criou. Para obter a
sabedoria, ele deve aprender algumas coisas e desaprender outras. Helena Blavatsky
escreveu:
“A
primeira condição necessária para obter autoconhecimento é tornar-se
profundamente consciente da ignorância; sentir com cada fibra do coração que
somos incessantemente iludidos. O segundo requisito é uma convicção ainda mais
profunda de que tal conhecimento – um conhecimento intuitivo e seguro – pode
ser obtido por esforço próprio. A terceira condição, a mais importante, é uma
determinação indômita de obter e enfrentar aquele conhecimento.” [4]
Quase
todo o potencial da mente humana ainda está por ser desenvolvido. A
ciência reconhece que usamos uma parcela muito pequena do cérebro. O
problema não é, pois, que sejamos um tanto limitados mentalmente. O lamentável
é que, sendo limitados, nos consideramos extremamente espertos. O filósofo
Sócrates, escolhido como o homem mais sábio da Grécia, explicou:
“Eu e os
homens notáveis de Atenas nada sabemos, e a única diferença entre eu e eles é
que eu, nada sabendo, sei que nada sei, enquanto que eles, nada sabendo,
pensam que sabem muito”.
Seguindo
na mesma linha de raciocínio, o pensador espanhol Balthazar Gracián
constatou:
“O maior
tolo é aquele que acha que não é, e que só os outros são. Para ser sábio não
basta parecer sábio, nem, muito menos, parecer sábio a si próprio. (....)
Embora o mundo esteja cheio de tolos, ninguém se julga um deles, nem receia ser
um.” [5]
Quando
superamos a necessidade de parecer inteligentes e deixamos de lado o medo de
parecer idiotas, libertamos nosso potencial criativo e a nossa capacidade de
conhecer novos aspectos da consciência. Quando temos coragem de colocar
toda nossa mente em algo, parecemos tolos e distraídos do ponto de vista
daqueles aspectos do mundo que optamos por ignorar completamente. Um exemplo
claro disso é dado pela história do grande cientista que caminha absorto pela
rua, perto da sua Universidade, quando encontra um colega e param para
conversar um minuto. Ao se despedirem, o cientista pergunta a
seu colega:
“Diga-me,
amigo, em que direção eu estava caminhando?”
“Você
estava indo para lá”, aponta o outro.
“Ah,
obrigado”, agradece o sábio distraído. Isso significa que eu já almocei.”
A
relativa idiotice dos sábios tem outro exemplo no caso do famoso escritor
inglês G. K. Chesterton. Ele morava em Londres quando ainda não havia
telefones, e vivia em um mundo tão abstrato que, certa vez, ficou aguardando
notícias de sua esposa em uma agência de correios após mandar o seguinte
telegrama para ela:
“Querida,
estou no mercado Harborough. Mas onde eu deveria estar, para fazer o
quê?” [6]
No
romance “O Príncipe Idiota”, o escritor Fiódor Dostoievsky descreve um
Cristo moderno que aparece na Rússia com 26 anos de idade – e se comporta como
um idiota desde todos os pontos de vista práticos. Ele não tem a couraça de
auto-defesa que caracteriza o tipo moderno de cidadão “esperto”.
Por isso as pessoas riem da cara dele e ele acha graça junto com os que o
desprezam. Chamam-no de burro – e ele concorda, amavelmente, porque só sabe
falar a verdade – e percebe que, realmente, não tem a astúcia dos
seus perseguidores.
Leon
Muishkin, o Cristo-príncipe de Dostoievsky, é epiléptico. O escritor descreve
os seus ataques como momentos de iluminação mística: “Não podia duvidar nem
admitir sequer a possibilidade de dúvida: naqueles momentos havia, com efeito, beleza
e oração, e aqueles instantes eram a maior síntese da vida (...). [E
ele] via claramente que a conseqüência evidente desses minutos indescritíveis
era a imbecilidade, o obscurecimento das suas faculdades, o idiotismo.” [7]
Dostoievsky
está certo em mais de um sentido. Epilepsia à parte, há um fato que poucos
estudiosos do caminho do autoconhecimento confessam abertamente: quando se
desperta a inteligência espiritual, perde-se, irremediavelmente, a inteligência
astuciosa que permite coisas como mentir com habilidade, usar a lisonja na
medida certa e falar a verdade só quando ela traz vantagens.
Desse
despertar vem a sensação de nada saber diante do mundo. A expansão
mística da consciência traz consigo uma inocência idiota em relação à
realidade externa. É por isso que os sábios renunciam à agitação e a todas as
formas de esperteza associadas com ela, e preferem optar por uma vida retirada.
Quem deseja alcançar a consciência celestial deve abandonar a inteligência
egoísta e assumir, em certos assuntos, a aparência de um abobado.
“A razão
expulsou Deus com chicotadas para o meio dos loucos”, escreveu Louis Pauwels.[8]
E o escritor sufi Idries Shah – grande pensador do islamismo
místico– escreveu um livro intitulado “A Sabedoria dos Idiotas”.
Na abertura da obra, Idries Shah explicou:
“Aquilo
que os homens de pensamento estreito imaginam que seja sabedoria é
freqüentemente considerado loucura pelos sábios sufis. Assim os sufis, por sua
vez, chamam a si mesmos de ‘idiotas’. Por uma feliz coincidência, a palavra
árabe que significa ‘santo’ (wali) tem a mesma equivalência numérica que
a palavra que significa ‘idiota’ (balid). Assim, temos dois motivos para
ver os grandes sufis como os nossos Idiotas.” [9]
A astúcia
impede o autoconhecimento. A milenar tradição chinesa conta que
certa vez Confúcio procurou Lao-tzu – fundador da filosofia taoísta – e fez a
ele uma complexa consulta sobre uma questão ritualística que considerava de
grande importância. Desprezando a pergunta sofisticada, o mestre
disse a Confúcio:
“Você
precisa abandonar a sua esperteza e deixar de lado a espada da sua ambição. Os
grandes sábios freqüentemente parecem tolos e estúpidos. Aqueles que obtiveram
o verdadeiro aprendizado não insistem em ostentar o seu conhecimento.” [10]
Um dos
maiores místicos cristãos de todos os tempos, São João da Cruz, estudou filosofia
clássica grega na juventude. O modo como ele descreve poeticamente o paradoxo
do “nada saber para perceber tudo” coincide com a tradição socrática, mas
também pode ser visto como uma ioga:
“Para
chegares a saborear tudo,
Não
queiras ter gosto em coisa alguma.
Para
chegares a possuir tudo,
Não
queiras possuir coisa alguma.
Para
chegares a ser tudo,
Não
queiras ser coisa alguma.
Para
chegares a saber tudo,
Não
queiras saber coisa alguma.” [11]
E João da
Cruz descreveu o seu êxtase místico nesses versos:
“Entrei
onde não sabia,
e fiquei
sem saber,
toda a
ciência transcendendo.
Eu não
sabia onde entrava,
porém,
quando lá me vi,
sem saber
onde estava,
grandes
coisas entendi.
Não direi
o que senti
pois
fiquei sem saber,
toda a
ciência transcendendo.
De paz e
de piedade
era a
ciência perfeita,
em
profunda solidão,
diretamente
entendida;
era coisa
tão secreta,
que
fiquei balbuciando,
toda a
ciência transcendendo.
Estava tão
enlevado,
tão
absorto e desatento,
que meu
sentido ficou
de todo
sentir privado;
e o
espírito dotado
de um
entendimento sem entender
toda
ciência transcendendo.” [12]
Embora
seja verdade que nem todo idiota alcança a iluminação, é certo que todo iluminado
tem algo de idiota e parecerá um tolo desde mais de um ponto de
vista.
O
aprendiz da arte de viver deve romper os limites das chantagens do que é
“politicamente correto” e deixar de lado os mecanismos da ignorância coletiva
que buscam impor falsos consensos em função dos interesses desse ou daquele
esquema de poder.
Mas, para
fugir da idiotice coletiva organizada – com sua psicologia de rebanho
que proíbe o indivíduo de pensar por si mesmo – é indispensável
vencer o medo de que nos seja colocado o rótulo de ovelha negra, ou de
idiota. Só assim poderemos viver com responsabilidade própria e
independência pessoal. Há uma história de Ramakrishna, o sábio indiano do
século 19, que ilustra bem esse ponto:
“Era uma
noite completamente escura, séculos atrás. De repente, um sujeito acende uma
tocha para iluminar seu caminho e vai até a casa do vizinho. Ele quer pedir
fogo, porque a noite está demasiado escura. Depois de muito gritar e bater na
porta, o vizinho finalmente abre a porta, ouve seu pedido e responde: ‘Ah,
ah, você é muito imbecil! Raciocine! Você já tem uma tocha acesa na sua mão!’
” [13]
Todos nós
corremos o risco de fazer como o pobre coitado que bateu na porta do vizinho. A
verdade eterna e a fonte da felicidade estão em nossas próprias mãos. Só
dependem de nós. Mas insistimos em procurá-las nas coisas externas e pedi-las
de outras pessoas, renunciando à autonomia da nossa caminhada.
Os
sábios, como os idiotas, são íntegros. Eles não fingem que são
inteligentes e não têm medo de errar. Tentam, erram e conhecem o sabor da
derrota. Mas, quando acertam, são geniais. O idiota de hoje pode ser o
sábio de amanhã, graças à experiência adquirida. Em compensação, aquele que não
possui ânimo para tentar não tem chance alguma de aprender.
Por isso
devemos criar uma cultura em que é permitido a cada um cair e levantar
livremente. Porque somos todos apenas aprendizes. Erramos e aprendemos o tempo
todo, e devemos estimular em cada ser humano a coragem de buscar – mesmo
tropeçando – os seus sonhos mais elevados. Banindo da nossa cultura o medo ao
ridículo, cada um se permitirá um pouco mais de deselegância e autenticidade em
sua maneira de viver.
NOTAS:
[1]
“Vidas de Grandes Romancistas”, por Henry Thomas e Dana Lee Thomas, Editora
Globo, RJ-POA-SP, 1954, 244 pp., ver p. 32.
[2] “Einstein,
a Ciência da Vida”, uma biografia escrita por Denis Brian, Editora Ática, SP,
1998, 551 pp., ver pp. 1, 3 e 4.
[3] “Assim
Falou Einstein”, coletânea editada por Alice Calaprice, Ed. Civilização
Brasileira, RJ, 1998, 258 pp., ver pp. 64 (primeira frase da citação) e 63
(segunda frase).
[4] “Collected
Writings of H. P. Blavatsky”, TPH, Índia/EUA, volume VIII, 1990, p. 108.
[5]
“A Arte da Prudência”, Baltazar Gracián, Ed. Martin Claret, SP, 2001, 151
pp., ver p. 102.
[6] “Father
Brown Stories”, G.K. Chesterton, Penguin Books, England, ver Introdução.
[7] “El
Príncipe Idiota”, Fiódor Dostoievsky, Editorial Porrúa, S.A., México, 190
pp.,ver p. 158. Veja também o filme clássico de Akira Kurosawa baseado nesta
obra, “O Idiota”, atualmente disponível em DVD.
[8]
“Ramakrishna, o louco de Deus”, Introdução de Louis Pauwels, Planeta Especial,
Fevereiro de 1995, 146 pp. em formato de livro, ver p. 09.
[9] “Wisdom
of the Idiots”, Idries Shah, The Octagon Press, Londres, 1991, 179 pp., ver p.
5.
[10] “Tales
of the Taoist Immortals”, de Eva Wong, Shambhalla Inc., Boston, EUA,
2001, 168 pp., ver p. 56.
[11] “São
João da Cruz”, Obras Completas, Ed. Vozes, 1149 pp., ver p. 182.
[12] “São
João da Cruz – Pequena Biografia ”, Bernard Sesé, Ed. Paulinas, SP, 176 pp.,
1995, ver p. 135. Uma tradução não tão boa do mesmo trecho pode ser
encontrada nas pp. 38 a 40 das “Obras Completas”.
[13] “Pictorial
Parables of Sri Ramakrishna”, Advaita Ashrama, Calcutá, Índia, 65 p., 1997, p.
7.
Uma
primeira versão do artigo acima foi publicada pela Revista “Planeta”, de São
Paulo.