Verdade


Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema.

Picasso

domingo, 12 de maio de 2013

Quando Deus Criou as Mães


Autora: Erma Bombeck 


No dia em que o bom Deus criou as mães (e já vinha virando o dia e noite há seis dias) um anjo apareceu e disse:

- Por que tanta inquietação por causa dessa criação, Senhor? 

E o Senhor respondeu: 

- Você já leu as especificações desta encomenda? Ela tem que ser totalmente lavável, mas não pode ser de plástico; deve ter 180 partes móveis e substituíveis; funcionar à base de café e sobras de comida; ter um colo macio que sirva para matar a fome das crianças; um beijo que tenha o dom de curar qualquer coisa, desde perna quebrada até namoros terminado... e seis pares de mãos.

O anjo balançou lento a cabeça e disse: 

- Seis pares, Senhor? Parece impossível! 

- Não é esse o problema, disse o Senhor. E os três pares de olhos que as mães têm que ter? 

E o anjo indagou:

- O modelo padrão tem isso? 

O Senhor assentiu. 

- Um par para ver através de portas fechadas, para quando se perguntar, que é que as crianças estão fazendo lá dentro (embora já o saiba); outro par na parte posterior da cabeça, para ver o que não deveria mas precisa saber. E naturalmente os olhos normais, capazes de fitar uma criança em apuros e dizer-lhe: - Eu te compreendo e te amo, sem proferir uma palavra.

- Senhor, disse o anjo, tocando-Lhe levemente na manga, - é hora de dormir. Amanhã é um novo dia... 

- Não posso, replicou Deus, -está quase pronta. Já tenho um modelo que se cura sozinho quando adoece, consegue alimentar uma família de seis pessoas com meio quilo de carne moída e convence uma criança de nove anos a tomar banho.

O anjo rodeou vagarosamente o modelo de mãe.

- É muito delicada, suspirou. 

- Mas é resistente - respondeu o Senhor entusiasmado, você não imagina o que esta mãe pode fazer ou suportar. 

- E ela pensa? - indagou o anjo. 

- Não apenas pensa, mas discute e faz acordos! - explicou o criador. 

Finalmente, o anjo se curvou e passou os dedos pelo rosto do modelo de mãe.

- Há um vazamento. - retrucou. 

- Não é um vazamento, disse Deus, - é uma lágrima. 

- E para que serve? - indagou o anjo.

- Para exprimir alegria, tristeza, desapontamento, dor, solidão, orgulho. 


- Vós sois um gênio! - disse o anjo. 

Mas o Senhor ficou melancólico. 

- Isso apareceu assim, naturalmente; não fui eu quem colocou nela...



 
Abençoadas sejam todas as mães, capazes de comportar em seu peito o maior e mais belo amor que existe...

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